sábado, 16 de julho de 2011

Para Michel Gomes, João de "#Rebelde" é mais encrenqueiro do que vilão

É comum que atores de novela sejam abordados por pessoas que querem falar sobre seus personagens. Para Michel Gomes, o João de "Rebelde", da Record, isso é uma grande diversão. Ainda mais porque o ator escuta os mais diversos comentários. Na pele de um baita encrenqueiro no colégio, que em casa sofre com o alcoolismo do pai, Alceu, de Antônio Pompêo, o personagem ora desperta raiva nas pessoas, ora provoca piedade. "Já me pararam para dizer: 'Nossa, eu tinha muita raiva do João, mas agora tenho pena porque ele realmente sofre com o problema do pai'", conta.

Geralmente é o lado brigão de João que rende as repercussões mais engraçadas. Certa vez, uma mulher não só reclamou das maldades do papel, como ressaltou o penteado – com o cabelo repartido ao lado – que a desagrada. "Ela me parou e falou: 'Você é mau. Você é mau no colégio, é mau com seus pais. E esse cabelinho seu parece que é só para deixar a gente com mais raiva'", recorda, às gargalhadas.
Na trama, João apronta "poucas e boas". Não perde a chance de implicar com Téo, de Bernardo Falcone, por ele ser "nerd". E, sempre que pode, "dá uma alfinetada" em Pedro, de Micael Borges, pelo fato de o garoto ser bolsista do Elite Way. "Não sei se o João é vilão. Eu o considero mais encrenqueiro", analisa. De origem humilde, João teve a chance de estudar em um bom colégio depois que seu irmão, Lupi, de Rocco Pitanga, enriqueceu. Assim, passou a conviver com pessoas de um nível social que, até então, não havia tido contato. "Ele não aceita continuar morando no subúrbio. Como a maioria das pessoas do colégio são da Zona Sul e ricas, João tem vergonha da origem humilde", explica.

Para criar o papel, Michel não teve uma preparação específica. O que fez antes de dar início às gravações foi "devorar" os primeiros vinte capítulos. "Pirei! Fiquei lendo cenas do núcleo, da família e depois o capítulo inteiro", ressalta. Mas, para entender melhor o problema que João tem com o pai, Michel buscou algumas referências. Lembrou de pessoas que conhece que passam por situações semelhantes. "Não cheguei a conversar diretamente, mas sei de gente que tem vergonha do pai que bebe além do normal e tentei absorver um pouco disso", revela.

Na hora de fazer o teste para o elenco da novela, Michel precisou ir além da interpretação. Apesar de não fazer parte da banda na trama, o ator teve de cantar antes de ser aprovado. "Avisei que não cantava, mas eles queriam conhecer um pouco da minha voz. Naquele momento, cantei, baixou um cantor", garante, em tom humorado. A espera pela resposta positiva levou um mês e meio. Durante esse tempo, Michel confessa ter ficado ansioso. Mesmo assim, estava confiante porque sentiu que havia feito um bom teste. "Parecia que a hora não passava. Pedia a Deus todos os dias porque nossa profissão é muito complicada. Uma hora, a gente está trabalhando; outra hora, não", constata.

Foi depois de protagonizar o filme "Última Parada 174", lançado em 2008, que Michel ficou mais conhecido. Mas sua estreia como ator aconteceu no episódio "Palace 2", do programa "Brava Gente", da Globo. Quando atuou em "Cidade de Deus", de 2002, se deu conta de que era a carreira que gostaria de levar adiante. "Ali, comecei a gostar da coisa. Lembro como se fosse hoje a felicidade dos meus pais quando me viram no cinema", conta. Hoje, em sua segunda novela com personagem fixo – antes viveu o Paulo de "Viver a Vida" e fez uma participação em "Chamas da Vida" – pretende continuar trabalhando, independentemente do veículo. "É a maior sorte do mundo. Tenho o meu salário fazendo o que gosto", comemora.
(Luana Borges)

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